Não há memória de um ano como o de 2020, tamanha foi a mudança e a instabilidade que dela adveio, a nível mundial. A vida continua e a agricultura não pode parar. É tempo de balanço. Se nos vinhos já são conhecidos os números do primeiro semestre, nas vinhas, começam a colher-se os frutos demais uma época, com as vindimas a terem início no final Julho. Assim é na região dos Vinhos do Tejo, de onde ecoam boas notícias.

Feitas as contas e face ao período homólogo do ano anterior, de Janeiro a Junho de 2020, a Comissão Vitivinícola Regional do Tejo (CVR Tejo) dá nota de um aumento de 47,13% no que toca àcertificação dos Vinhos do Tejo, o que corresponde a 15,21 milhões de litros. Isto quer dizer que podem envergar o selo garantia de qualidade e origem, factor de grande relevo a nível económico, na medida em que atesta que são vinhos feitos com uvas produzidas na região, sob a Denominação de Origem Tejo (DO Tejo) ou a Indicação Geográfica do Tejo (IG do Tejo ou Vinho Regional do Tejo).

São cada vez mais os agentes económicos (produtores) que estão despertos para a importância de certificar os seus vinhos, com um impacto bastante positivo junto do consumidor. Os números falam por si e a certificação tem vindo a aumentar de ano para ano. No referido período, os números em milhões de litros são os seguintes: 6,75 em 2018; 10,34 em 2019; e 15,21 em 2020. Neste primeiro semestre o valor de certificação está já acima do total de vinho certificado em 2018, que rondou os 13,50 milhões de litros – valor que subiu para os 23,30 milhões de litros, em 2019.

É nesta altura do ano que o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), em conjunto com as várias CVR, avalia a perspectiva de vindima e, por conseguinte, a produção de vinho para a campanha. A produção de vinho em Portugal deverá cair 3% em relação à campanha anterior, valor para o qual não deverá contribuir a região dos Vinhos do Tejo, na medida em que a previsão não aponta para quebra, mas sim para a manutenção dos valores de 2019, ou seja, cerca 61,6 milhões de litros.

Segundo o Departamento de Viticultura da CVR Tejo, este foi um ano difícil em termos climáticos, devido à ocorrência de precipitação na altura da floração e das temperaturas elevadas no presente, que já começam a ser habituais, mas que, felizmente, em pouco afectou o desenvolvimento das uvas.Em termos de doenças, o míldio assustou, mas, não teve influência numa perda de produção com significado.Relativamente à quantidade de uva, é muito idêntica à do ano passado, primando por um enorme potencial qualitativo, o que se revela normal em anos de produção mais contida e sem grandes acidentes climáticos.