Santarém prestou homenagem ao Capitão sem medo

O Município de Santarém prestou homenagem a Salgueiro Maia, no dia 25 de abril, no Jardim dos Cravos. Junto à sua estátua, teve lugar uma cerimónia evocativa do 50º aniversário do 25 de Abril, ao Capitão sem medo que na madrugada do dia 25 de Abril de 1974 saiu da Escola Prática de Cavalaria, rumo a Lisboa para derrubar a ditadura.

Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara de Santarém, Joaquim Neto, presidente da Assembleia Municipal de Santarém, o Coronel Joaquim Correia Bernardo, em representação da Associação 25 de Abril, João Luiz Madeira Lopes, presidente da Comemorações Populares do 25 de Abril – Associação Cultural, o Coronel João Andrade Silva, da Associação Salgueiro Maia e Catarina Salgueiro Maia, filha de Salgueiro Maia, homenagearam o capitão que abriu as portas à Liberdade.

Na presença de Natércia Maia, viúva do homenageado, dos seus filhos e netos, de amigos, entidades públicas e oficiais, Ricardo Gonçalves, presidente da Câmara de Santarém lembrou que “celebramos um momento de transformação que moldou o curso do nosso País. Há 50 anos, o povo português protagonizou uma das mais notáveis revoluções do século XX aos olhos de todo o mundo. Antes do 25 de Abril, Portugal estava sob o jugo de uma ditadura que reprimia severamente as liberdades individuais, limitava os direitos políticos e económicos dos cidadãos e perpetuava desigualdades sociais profundas. A revolução de abril de 1974 representou, assim, um momento de libertação e esperança para milhões de momento de libertação e esperança para milhões de portugueses que ansiavam por uma vida digna e justa”.

O presidente do Município de Santarém reforçou que “no dia 25 de Abril de 1974, as correntes do regime opressor foram quebradas, dando lugar a uma aurora de liberdade, democracia e esperança. E entre os bravos que lideraram esse movimento, destaca-se um nome que permanecerá para sempre na memória do povo português: Salgueiro Maia.”.

Ricardo Gonçalves referiu que “neste cinquentenário do 25 de abril, é também importante reconhecer os desafios que ainda enfrentamos como sociedade. A liberdade conquistada há meio século não pode ser tomada como garantida. Devemos permanecer vigilantes e ativos na defesa dos direitos e na promoção da igualdade e da justiça fundamentais e na promoção da igualdade e da justiça para todos.

O presidente da Câmara de Santarém deixou o apelo para “que esta celebração dos 50 anos do 25 de abril nos inspire a continuar a lutar pelos ideais de liberdade e justiça. Que possamos honrar o legado dos nossos antepassados, trabalhando arduamente pelo bem-estar e pela felicidade estar e pela felicidade de todos os que aqui vivem.”.

Joaquim Neto, presidente da Assembleia Municipal de Santarém, afirmou que “hoje celebra-se uma data que representa muito mais do que o derrube de um regime autoritário. É o símbolo da luta pela democracia, pela liberdade e pelo poder local”.

Para Joaquim Neto, “os objetivos do 25 de Abril de descolonizar, democratizar e desenvolver foram essenciais para a metamorfose de Portugal ao longo das últimas décadas. A descolonização permitiu ao país libertar-se de um passado colonial opressivo, promovendo a autodeterminação e a igualdade entre povos”.

Para Joaquim Correia Bernardo, em representação da Associação 25 de Abril, a data do “25 de Abril é uma libertação que abriu as portas à Democracia para que os portugueses pudessem exercer os mais elementares direitos de cidadania de que estávamos privados”.

Lembrou que “hoje vivemos tempos de incerteza e de enorme preocupação no que respeita aos valores da liberdade, democracia, paz, justiça e igualdade. Os valores de Abril estão ameaçados, não só em Portugal, mas também em muitas outras regiões do mundo”, e acrescentou que “não abdicaremos da liberdade, essencial para prosseguirmos a sociedade democrática que almejamos e que queremos mais democrática, mais justa e solidária.”.

João Luiz Madeira Lopes defendeu que “de Norte a Sul o País se celebra com grande entusiasmo e consciência cívica, o 25 de Abril. Defender as conquistas de Abril, significa defender a Liberdade e a Democracia.”.

O presidente da Comemorações Populares do 25 de Abril – Associação Cultural, recordou “os anos da resistência ao regime fascista e a restrição das liberdades e dos direitos fundamentais dos cidadãos, contrapondo-os com a liberdade que Abril nos trouxe.” e reforçou que acredita no “progressivo empenho dos jovens na luta pelos valores de Abril, com a imprescindível ajuda dos pais e professores e das indispensáveis sessões de esclarecimento em que todos nos devemos empenhar, como a Associação Cultural Comemorações Populares do 25 de Abril tem vindo a desenvolver junto das escolas”.

Catarina Salgueiro Maia escreveu uma carta ao Capitão de Abril, seu pai em que afirma que: «Hoje, na tua estátua, celebramos esses 50 anos com orgulho! Orgulho do que tu e os teus companheiros e amigos conseguiram. Orgulho de não se deixarem acomodar! Orgulho de terem permitido que o nosso País voltasse a entrar no mapa do Mundo! Sabes Meu Rei, tenho o maior Orgulho em ti! Tenho o maior orgulho de poder celebrar a liberdade e saber que fizeste parte dela! Tenho o maior orgulho de ser tua filha! Saber que saíste naquela madrugada rumo ao incerto, mas com a certeza que não poderias continuar a ver “o Estado a que isto chegou”! Hoje, 50 anos depois, ainda falta cumprir tanto! 50 anos depois, ainda falta lutar tanto! Mas acredito, meu Pai, que a semente que vocês lançaram naquele dia, dará frutos eternamente!»

A cerimónia contou ainda com a deposição de vários ramos de flores junto à estátua de Salgueiro Maia, e com a participação das três bandas filarmónicas do Concelho: Sociedade Filarmónica Alcanedense, Sociedade Filarmónica de Instrução e Cultura Musical de Gançaria e da Sociedade Musical e Recreativa do Xartinho que interpretaram uma versão conjunta de “Grândola Vila Morena”.