40 anos ao serviço da cultura

Manuel Lourenço (presidente) e Ana Duarte (ensaiadora) assinalam as quatro décadas do Rancho Folclórico de Paço dos Negros com uma entrevista ao Jornal O ALMEIRINENSE. Da formação à importância de manter vivas as tradições. 

Manuel Lourenço – Presidente

Como e quem fundou o Rancho Folclórico?

Pelo que sei, em abril de 1984, fundaram o Rancho Folclórico, o António Oliveira, o Manuel Piolho, o Agostinho, o Ernestino, o Zé Manel e o Zé Simões.

E quantos elementos tinha na altura?

Não sei precisar, mas provavelmente entre 20 e 30. Não era mais do que esse número no início.

Atualmente, quais são as atividades que o Rancho faz para envolver a comunidade da nossa terra?

As atividades que o Rancho desenvolve, portanto, a nível local e a nível da aldeia, é precisamente as pequenas atividades, além do Baile da Pinha, que é a tradição e que há alguns anos o fazemos com regularidade. Fazemos a festa de aniversário, que é o maior evento do Rancho Folclórico e que envolve, de maneira geral, a população. Não digo na totalidade, mas uma grande percentagem da nossa população está envolvida na festa e vem à festa, convive, faz despesa e tudo por aí vai.

E quais são os maiores desafios a nível financeiro que o Rancho enfrenta? 

Os maiores desafios são diários e grandes. Portanto, temos que trabalhar muito. Graças ao grupo que temos, ao grupo de elementos componentes do Rancho, à população em geral, à nossa freguesia, à nossa Câmara Municipal, que tanto nos ajuda, conseguimos superar todas essas dificuldades. Puxa-se aqui, mais daqui, de acolá, e chegamos sempre ao porto que desejamos, que é a realização dos eventos, a realização das permutas, das deslocações, ir ao estrangeiro – já fomos algumas vezes – , e é através desses eventos, dessas ajudas, sem as quais não resistimos a viver, com uma grande ajuda dos componentes do Rancho a trabalhar. São extraordinários. A população da terra, a ajuda fantástica da nossa autarquia, conseguimos superar as dificuldades e fazer aquilo que, inicialmente, temos como objetivo, que é o plano de atividades anual.

Acha que o Rancho é um dos pilares para segurar a nossa cultura?

Sem dúvida alguma. É importante, desde a dança, do cantar, do envolvimento que está com a terra, penso que é muito importante, de uma forma geral, ir mantendo, falei aqui há pouco, no Baile da Pinha, uma das questões da festa, é importante, de uma forma geral, estar ligado com a população e, de forma geral, defender a nossa cultura.

Ana Duarte: Ensaiadora

Há quanto tempo está envolvida com o Rancho e o que é que a inspirou a dar continuidade a tudo isto?

Ana Duarte: Estou envolvida com o rancho folclórico há 38 anos, a idade que tenho. O rancho foi fundado em 84, eu nasci no ano seguinte, a minha mãe está desde o início, está há 40 anos e o que me dá motivação para continuar é mesmo isso, é estar, nascer e continuar nele.

Que desafios encontra nos ensaios e nas exibições?

Desafios? Talvez o maior desafio aqui nos ensaios será o barulho, mas nada que não consigamos todos, entre todos, e um puxa dali, um puxa daqui e a coisa vai-se fazendo. E depois temos – acho que essa é a maior dificuldade – a oportunidade de falar, dar a sua opinião, dizer o que é que está bem, o que é que está mal, e eu e a Lucélia tentamos ouvir, dar oportunidade e fazer sempre um melhoramento.

O que é que é necessário para estar apto para subir a um palco?

O que é necessário é saber os passos mínimos, o sapatear minimamente e o trajar bem.

O que é que mais te motiva e recompensa como ensaiadora?

A evolução de todos aqueles que começam daqui, desde pequeninos, e que vão desde o nosso núcleo infantil até aos adultos.

Para si, houve algum local que tenha sido memorável para o grupo?

Sim, foi há 20 anos. Muitos deles não estavam aqui, mas foi a nossa primeira saída ao estrangeiro, foi aos Estados Unidos, e foi talvez a mais memorável, porque éramos todas e todos da mesma idade, todos íamos com o mesmo intuito, fazer na altura aquilo que sabíamos, e foi muito, mesmo muito memorável por isso.